segunda-feira, 18 de julho de 2011

Estágio Curricular: Vivenciando a prática docente através da metodologia de Trabalhos Globais

Professora orientadora de Estágio Ms. Janete Fassini Alves

            A proposta do segundo estágio do Curso de Pedagogia no Centro de Ensino Superior de Farroupilha - CESF tem como objetivo o desenvolvimento da prática de projetos de trabalho conforme as referencias propostas por Fernando Hernández e Montserrat Ventura, e, a reflexão teórica sobre esse fazer.  Os estágios por si só já causam ansiedade e em alguns momentos insegurança, com essa proposta as acadêmicas ficam ainda mais apreensivas, pelo “medo do desconhecido”, pois por mais que as disciplinas, durante o curso, procuram provocar reflexões, exemplificações práticas e aprofundamento teórico sobre as diferentes propostas metodológicas, a prática desenvolvida durante o Estágio Curricular II, que ocorre no 7º semestre do curso, é novidade nas suas vivências enquanto alunas e enquanto estudantes do Curso de Pedagogia em trabalho de campo, com os projetos de prática pedagógica ao longo do curso.
            A angústia e preocupação iniciais logo dão lugar ao professor pesquisador, aquele que precisa se desacomodar para auxiliar o seu aluno, e, principalmente aprender com ele. Os resultados são trabalhos criativos, onde se percebe a real construção da aprendizagem de maneira significativa.
            Nesse sentido, compartilhamos os textos de duas alunas que fazem a reflexão sobre esse processo.

ESTÁGIO II: UMA PROPOSTA DESAFIANTE E PRAZEROSA DE ENSINAR E APRENDER ATRAVÉS DO TRABALHO COM PROJETOS
                                                                                              Acadêmica Jane Martins

A metodologia utilizada foi baseada em Hernández e Ventura, que propõe deixar vir á tona os conhecimentos prévios e trabalhar a partir deles por meio de perguntas e desafios, respondendo aos questionamentos trazidos por eles, criando oportunidades de observação, de autonomia, de cooperação¸ individualidade e sociabilidade, interesse e dedicação.
A introdução de projetos nas escolas é uma forma de vincular a teoria com a prática, tornando os conteúdos globalizados, facilitando a construção dos conhecimentos pelos alunos. O trabalho feito por projetos possui uma maior possibilidade de ser flexível e aberto na hora de colocá-lo em prática.
Para Hernández a aprendizagem torna-se mais significativa quando as crianças escolhem o tema. Essa escolha é feita através de argumentações nas quais os alunos devem convencer os demais colegas através de articulações que demonstram uma forma favorável para o novo conhecimento, e quando o professor é capaz de conectar os interesses de forma a favorecer a aprendizagem.
O aprendizado virá como consequência da valorização dada pelo professor ao universo de conhecimentos de cada aluno, levando em conta o que eles sabem sobre o tema, como também a busca de um maior aprofundamento sobre o mesmo; do respeito aos seus interesses, da oportunidade de tentar novas experiências e do acompanhamento do processo de aprendizagem das crianças. O professor deve ser um mediador em todos os momentos, assumindo com seus alunos uma postura de investigador e aprendiz contribuindo para que os resultados de todo esse processo apareça.
São diferentes fases que compõem essa metodologia, o ponto de partida para o projeto é a escolha do tema, porém sua estrutura básica é a organização dos conteúdos e planejamentos sob forma de índices I, II e III. No índice I, delimita-se o que os alunos querem aprender sobre o tema, o II índice é o ponto de partida para o trabalho, serve para especificar o trabalho, enquanto que o III índice realiza uma retomada do que foi aprendido, organizando todas as informações e conhecimentos construídos.
Diante da proposta inicial da metodologia de projeto por aprendizagem, fiquei preocupada e ansiosa, pois tudo o que é novo nos desestrutura e nos deixa inseguros, porém esses desafios são necessários para que haja mudanças significativas na nossa formação.
Através da realização desse estágio compreendi que a metodologia de projeto por aprendizagem rompe com todo tradicionalismo do ensino exigindo um professor mais reflexivo, com uma postura pedagógica que reflete uma concepção de conhecimento como produção coletiva pela interação e mediação.
Percebi que a motivação e o envolvimento dos alunos depende da forma como é proposto o problema e das instruções e informações fornecidas por nós, educadores.
Os alunos estiveram totalmente envolvidos durante todo o projeto, investigando, registrando dados, formulando hipóteses, tomando decisões, resolvendo problemas, tornaram-se sujeito de seus próprios conhecimentos, por outro lado, eu como educadora, também tornei-me uma pesquisadora, levantei questões e procurei ser uma parceira dos alunos na procura das soluções dos problemas propostos, enfim juntos construímos conhecimentos específicos e significativos.
Acredito que o trabalho em grupo é de extrema importância para a educação uma vez que favorece o desenvolvimento do raciocínio lógico, da oralidade, da sociabilidade, da colaboração, da criticidade e da autonomia, promovendo valores e normas de convivência e a construção da cidadania.
A turma com vinte e cinco alunos, era um pouco agitada, por isso para manter a ordem, logo no início estabelecemos algumas combinações a fim de que a convivência fosse harmônica e não prejudicasse as aprendizagens. Houve alguns momentos de indisciplina por parte de alguns alunos que exigiram a minha intervenção para que respeitassem as regras e assumissem o seu compromisso com comportamentos e atitudes favoráveis à realização do trabalho pedagógico.
É preciso que a criança possa ter experiências de vida social para aprender a viver em grupo. A escola é um local muito apropriado para isso, onde a meta, além da construção dos saberes deve ser também a formação da consciência e o exercício da liberdade.
Acredito que nossa postura de educador deve ser de autoridade, colocando limites, acompanhando, orientando e controlando, sem, contudo, perder a sensibilidade, a afetividade, fortalecendo dessa forma a relação entre educador e educando.
Para mim esse estágio foi uma oportunidade de vivenciar efetivamente a concepção socioconstrutivista em educação, pois a metodologia de projetos por aprendizagem favorece a interatividade e a aprendizagem contextualizada. 
As atividades puderam ser realizadas sem um roteiro prévio dos passos a serem seguidos, a fim de que os alunos pudessem experimentar e exercitar a criatividade, a iniciativa, a aplicação e a transferência dos conhecimentos adquiridos tornando-se uma aprendizagem significativa para todos os envolvidos.
É inegável dizer que toda aula começa ainda antes de entrarmos na sala de aula, pois a atividade de planejar necessita de tempo e não construímos educação sem planejamento.
As atividades desse projeto possuíam objetivos a serem alcançados, relação de materiais necessários e seguiam um roteiro que não estava fixo, nem estagnado e que teve a função de facilitar e orientar o nosso trabalho, meu e dos alunos, dando-nos a liberdade de levantarmos novas hipóteses e descobertas coerentes com o tema investigado.
A avaliação fez parte do início ao fim do projeto de forma contínua e cumulativa, realizando ajustes entre o ensino e a aprendizagem, analisando erros e acertos, comparando resultados alcançados com resultados esperados, em vista de produzir e aperfeiçoar conhecimentos e não apenas adquirir informações.
Sem dúvida a prática desse estágio foi muito trabalhosa, exigindo horas, dias, noites e finais de semana de leituras, pesquisas, escritas e reescritas. Tudo isso contribuiu e enriqueceu minha formação e qualificação profissional.
Nos primeiros dias da realização do projeto confesso que fiquei com medo de não conseguir desenvolver as atividades propostas no I índice pelos alunos, mas com o passar dos dias a motivação dos alunos me surpreendeu, pois mostraram que são muito mais capazes que a minha imaginação supunha, construíram conhecimentos e buscaram soluções e ideias, tornando-se agentes de suas próprias aprendizagens.
Atualmente tudo é tão transitório e não permanente¸ aprendemos a aprender todos os dias e a todo momento, penso que a educação precisa estar baseada em metodologias mais prazerosas, interativas e afetivas, sem a qual não há aprendizagem.
 Como educadores, devemos olhar nossos alunos como pessoas que necessitam de desafios para desenvolverem, que resolvam seus problemas, mas que também levantem novos problemas. Precisamos sair das relações extremistas, mediadas somente pelo conteúdo para relações mediadas na humanidade do ser, preparando o aluno a aprender a pensar, refletir e criar autonomia, enfim desenvolver habilidades essenciais para a formação integral do ser humano.
Como educadora e através da prática desse estágio penso que é preciso avançar para novas formas de ensinar e aprender. As metodologias tradicionais não têm sido eficientes, os alunos acumulam saberes, mas não conseguem aplicar seus conhecimentos em situações reais do cotidiano. Urge quebrar paradigmas e com coragem desenvolver novas práticas pedagógicas nas escolas propondo uma educação voltada para a formação de competências, com a participação ativa dos alunos construindo aprendizagens significativas, atraentes e prazerosas.

UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA
Acadêmica Patrícia Cherobim
A metodologia utilizada neste projeto propõe um trabalho globalizado, integrando os conteúdos a um ensino que leva em consideração os conhecimentos prévios dos educandos, a aprendizagem se dá através do interesse dos alunos por um tema e as atividades são desenvolvidas através de pesquisas realizadas pelos alunos na busca de novos conhecimentos sobre o tema por eles escolhidos. Os alunos constroem seus conceitos e fazem novas descobertas, partindo de pesquisas, filmes, leituras, produção de textos, cartazes, músicas, etc.
Para Hernández e Ventura a aprendizagem torna-se mais significativa quando as crianças escolhem o tema. Essa escolha é feita através de argumentações nas quais os alunos devem convencer os demais colegas através de articulações que demonstram uma forma favorável para o novo conhecimento, e quando o professor é capaz de conectar os interesses de forma a favorecer a aprendizagem.
O critério para a escolha do tema não se baseia em respostas do tipo porque gostamos ou queremos, este deverá conectar com outros temas já estudados, permitindo assim novas formas de conexões com a informação e elaboração de hipóteses do trabalho.
Essa metodologia é uma forma de vincular a teoria com a prática, tornando os conteúdos globalizados, facilitando a construção dos conhecimentos pelos alunos. Possibilita momentos de autonomia e de independência do grupo, de cooperação, momentos de individualidade, sociabilidade, interesse e dedicação.
O professor além de mediador é um condutor, um organizador, aprende ensinando e ensina aprendendo, professor e alunos atuam juntos.
            Este estágio representou uma nova descoberta, sendo que com a metodologia utilizada representava algo novo, conhecido apenas na teoria. A experiência com turmas de anos iniciais, utilizando um planejamento participativo, onde os alunos são quem decidem o que querem aprender e de que forma isto vai acontecer é algo realmente desafiador. Porém, depois de concluída esta etapa, percebo como é possível trabalhar desta forma e como ela é, realmente, significativa para os alunos e desacomoda ambos, educadores e educandos.
            No início frustrei-me um pouco por sentir que os alunos ainda estavam esperando muito de mim, participando de forma tímida e querendo as coisas prontas. Com o passar dos dias foram conhecendo o que é pesquisa, sentindo-se seguros, buscando mais contribuições para as suas aprendizagens e assim, as aulas foram se tornando mais produtivas, os alunos mais participativos e autônomos.
            O tema trabalhado também contribuiu para que as aulas fossem significativas, sendo que os animais despertam muitas curiosidades nas crianças e o lúdico também contribuiu para a significação das aprendizagens. 
            Enquanto educadora acredito que neste estágio pude colocar em prática muitas das teorias aprendidas nos anos de graduação em Pedagogia e construindo concepções de quais metodologias serão mais eficazes para a aprendizagem dos alunos, sendo que este é o principal objetivo de todo educador.
            Esta experiência proporcionou-me momentos de encontro com minha vocação, momentos em que pude ter certeza de meu papel como educadora, de confirmar minha escolha profissional, à qual tenho dedicado parte de minha vida em aquisição de conhecimentos.
            Posso afirmar que muito aprendi com aquelas crianças e que estas ficarão para sempre como referência em meu processo de formação, como uma experiência muito positiva.
            Finalizo consciente que este é somente o início de uma longa jornada de desafios a serem superados e com a certeza de que terei que dar muito de mim em todos os momentos de minha trajetória profissional, que nunca estará completa, mas sim em constante aprimoramento. 

ONLINE OU OFFLINE?


Neste texto estaremos abordando um assunto de grande importância para o futuro de nossa linguagem. Recentemente, aprovou-se em nosso estado um projeto de lei autoritário que visa a regulamentação e a padronização de termos estrangeiros.
         Atualmente, vivemos na era da informatização e da globalização. O mundo está totalmente interligado e conectado (online). As palavras e expressões estrangeiras estão presentes em nosso contexto: para mantermos a nossa dieta, vamos ao supermercado e compramos um produtodiet”. A importação de teorias traz consigo um repertório linguístico, com termos como o feedback, que fazem parte de nossa cultura.
         Culturalmente, nosso país adotou alguns termos estrangeiros como pertencentes à nossa língua. Você prefere enviar uma “carta eletrônicaou simplesmente um “email”? Atualmente o hábito da utilização de palavras estrangeiras faz com que as mesmas sejam inseridas em nossa cultura. Nossos filhos e netos irão brincar no playground, comer hot-dog, falar no Messenger (MSN), estar online 24 horas apenas reservando um intervalo para o coffe break.
         Simplesmente padronizar a utilização destes termos não impedirá que o seu uso se torne cada vez mais forte. O autoritarismo instituído nesta lei nos remete à era da ditadura, onde toda e qualquer manifestação cultural era filtrada.
Portanto, concluímos que a aprovação desta lei não garante que a mesma seja aplicada e seguida pela população. A globalização, a necessidade de interação mundial, a incorporação e utilização de termos estrangeiros em nossa cultura e a necessidade de livre-arbítrio do ser humano fazem com que permaneçamos em constante renovação e criação. Ou você se adequa a esta situação ou estará “offline” (alienado).

Acadêmicas: Cristine Schaider e Juciléia Krasnievicz
Disciplina Estudos da Linguagem - Profª Ms. Marli Tasca Marangoni
Junho de 2011