Cristine Schaider Bastos
Vejo a infância em seus primórdios um tanto quanto verde, não daqueles verdes brilhantes e gritantes como as folhas de alguns galhos de árvores que chamam nossa atenção de longe, mas sim um verde com vergonha, um verde sem voz, podendo ser comparada com uma lagarta, que vive em nosso meio, mas que passa por ele despercebidamente, sorrateiramente, quase que de certa forma invisível aos olhos da sociedade que a cercava, ou melhor, que a ignorava.
Esta invisibilidade pode ser explicada por inúmeras hipóteses, uma delas poderia ser o medo da perda, uma vez que as mazelas e doenças eram pouco conhecidas na época e os índices de mortalidade infantil eram gigantescos, ou seja, para os adultos da época, era mais fácil e cômodo ignorar a criança e esperar que ela crescesse e garantisse sua presença no mundo para depois reconhecê-la como um ser único e poder amá-la. Há também a questão da dificuldade econômica, já que, inúmeras vezes um número grande de filhos significavam mais mão de obra, e como consequência essa criança nascia já designada mais ao trabalho do que ao afeto.
Com o passar dos anos, esta visão social da infância passou por um processo de maturação, como a lagarta, que com seu verde sem voz e despercebido, fechou-se em um casulo mistificado por valores sociais que aos poucos foram sendo esquecidos e substituídos por valores novos, surgindo assim uma infância que a cada dia se assemelha mais a uma linda borboleta, que trouxe cor, sentimento e identidade às crianças anteriormente esquecidas.
Surge assim a infância que conhecemos atualmente, onde a criança se transformou no centro familiar e assumiu papéis sociais importantes como o de consumidor, onde: moda, brinquedos, acessórios, itens de perfumaria, jogos e uma infinidade de itens engrandecem a lista de produtos e serviços direcionados a essas borboletinhas, que a cada dia que passa, perpassam por essa metamorfose inconstante e contagiante que é ser CRIANÇA. Afinal, quem de nós, adultos, não deseja todos os dias ser um pouco criança?
DISCIPLINA: LITERATURA INFANTIL NO PROCESSO EDUCATIVO – 2012/01
Nenhum comentário:
Postar um comentário