quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O QUE DEFINE UM BOM PROFESSOR?

Esse questionamento, um tanto quanto ousado, ocupou lugar de destaque entre os alunos da disciplina de Políticas Educacionais e Legislação, do curso de Pedagogia do CESF, durante o 1º semestre de 2012. Como síntese de nossos estudos e discussões, chegamos as seguintes conclusões, passíveis de outras análises e contribuições.
Atualmente, vivemos numa sociedade que se defronta com vários dilemas e passa por grandes transformações, sejam elas no âmbito social, político ou econômico. Consequentemente, também se verifica um redimensionamento na percepção do que é educar e qual a melhor forma para se fazer isso, uma vez que a cada modelo de Estado corresponde, também, uma proposta de educação.
A inserção das novas tecnologias na sociedade e na educação, a implementação de políticas educacionais que visam à inclusão de todos na escola e a percepção de que o aluno é um sujeito ativo no processo de ensino e aprendizagem são situações que têm exigido do professor uma postura e uma prática pedagógica diferenciada. Mas qual deve ser o perfil deve novo professor, a fim de que tenha condições de atender as demandas educacionais de nosso tempo?
São inúmeras as possibilidades de resposta a essa questão, entre elas: ter uma boa formação inicial, traçar metas ambiciosas para aprendizagem dos alunos, envolver as famílias na educação dos filhos, interligar os saberes pedagógicos com a realidade do aluno, buscar aperfeiçoamento profissional continuado, saber trabalhar em equipe, ser interdisciplinar, dar aulas com empenho e eficiência, ser afetivo, estar aberto às mudanças, acreditar e gostar do que está fazendo, ter capacidade de habilitar os educandos com conhecimentos e atitudes necessárias para se inserirem no mercado de trabalho.
Entretanto, numa perspectiva humanizadora, o talento do educador também está associado à prática de uma filosofia de trabalho imbuída de um sentido que está além da tarefa de educar. Ou seja, este profissional deve preparar as crianças e os jovens para a retomada da condição humana, auxiliando-os, através do questionamento e da reflexão, a serem livres, desenvolver a consciência, preservar os sentimentos, as emoções e as escolhas positivas diante da vida, aspectos que diferenciam o ser humano dos outros seres vivos. O grande desafio está em como fazer isso, se vivemos numa sociedade altamente competitiva, excludente e individualista, onde valores como solidariedade e respeito mútuo são “artigo” raro.
É exatamente ai que reside a importância da função social do professor; o ser humano somente consegue se conscientizar dos problemas do mundo e mudar de rumo, quando alguém o questiona, o faz pensar, quando consegue voltar-se sobre si mesmo e refletir sobre sua atuação com e no mundo. Segundo Paulo Freire, a reflexão leva à ampliação da consciência, ao conhecimento das verdadeiras razões da estruturação dos fenômenos, e essa conscientização leva a libertação, na medida em que liberta o indivíduo das suas ignorâncias, mitos, lacunas, medos e condicionamentos que construiu a partir do seu entorno existencial. No fundo, essa é uma postura pedagógica radical - vai à raiz da questão - pois transforma o professor em uma liderança política, que exerce cidadania e que forma os alunos para serem cidadãos atuantes e co-responsáveis no mundo.
Considerando que educar é a própria ação de conseguir respostas às perguntas fundamentais que desafiam o ser humano a se desenvolver e evoluir, acreditamos que contribuir para ampliar a conscientização dos indivíduos é o verdadeiro sentido de uma educação como prática da liberdade. Somente o ato de educar que parte da reflexão e favorece o despertar da consciência, pode ser um ensino verdadeiramente libertador e humanizador, na medida em que estimula os educandos tornarem-se seres humanos conscientes, livres, comprometidos e responsáveis por seus atos.



Professora e alunos da disciplina de Políticas Educacionais e Legislação- 2012/1

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